Repetência escolar
Impacto negativo, Custo muito elevado, Evidência moderada
Repetência escolar
Os estudantes que não atingem um determinado nível de aprendizagem no final do ano escolar devem repetir o ano unindo-se a uma turma de estudantes mais novos no seguinte ano acadêmico. Também é conhecido como "repetir uma série", "repetir um ano" ou "fracassar uma série/ano". Para estudantes de secundária, a repetência de um ano geralmente limita-se à matéria específica ou aula que o estudante não aprovou.
Quão efetiva é a intervenção?
A evidência sugere que na maioria dos casos a repetência de um ano é prejudicial para as possibilidades de sucesso acadêmico do estudante. Além disso, os estudos mostram sistematicamente maiores efeitos negativos para os estudantes em contexto desfavorecido, que repetem um ano, o que sugere que a prática de repetir um ano provavelmente vai aumentar a desigualdade educativa. Também é possível que a repetência de um ano gere mais efeitos negativos quando é utilizada nos primeiros anos da educação primária, assim como nos estudantes das minorias étnicas.
Em média, os estudantes que repetem um ano ficam atrasados em comparação com seus colegas, os quais avançam e possuem um nível similar de conquistas. Após um ano, os estudantes que repetem permanecem quatro meses mais atrasados do que aqueles que passaram de ano, em termos de conquista acadêmica. Os estudos também sugerem que há poucas possibilidades de que os estudantes que repetem um ano se atualizem com estudantes de um nível similar que passam de ano, inclusive depois de finalizar um ano adicional de escolaridade. Os estudos também sugerem que os estudantes que repetem um ano são mais propensos ao abandono da escola antes de finalizar seus estudos.
Embora o impacto em média geral seja negativo, alguns estudos sugerem que em algumas circunstâncias individuais, os estudantes podem ser beneficiados, particularmente no curto prazo. No entanto, parece não ser fácil a identificação dos estudantes que serão beneficiados, o que sugere que repetir um ano é consideravelmente arriscado.
Evidência na América Latina
A evidência na América Latina não mostra um consenso geral sobre os benefícios ou riscos que uma política de repetição escolar tem para resultados de aprendizagem. A maioria dos estudos mostra que a repetição é negativa para estudantes, professores e o mesmo desempenho acadêmico. A pesquisa sugere que a repetição tende a ser entendida como a responsabilidade do estudante, e não como resultado de metodologias de ensino precárias ou produto de relacionamentos pobres professor-estudante ou outros fatores associados ao ambiente escolar ou ao contexto socioeconômico do qual vêm os estudantes.
Por exemplo, usando os resultados PISA 2009 sobre leitura de alfabetização no Peru, um estudo quantitativo explora as relações entre o contexto socioeconômico dos estudantes, a composição social das escolas, a repetição da série e o desempenho acadêmico dos estudantes. Embora não seja possível estabelecer inferências causais, a análise conclui que os estudantes que alguma vez tenham repetido, obtêm menor desempenho acadêmico do que seus colegas que não repetiram nenhum ano. Na mesma linha, o Terceiro Estudo Regional Comparativo e Explicativo (TERCE) mostra que os alunos que repetiram um curso pelo menos uma vez, obtêm resultados globais mais baixos em todos os testes, especialmente em matemática e leitura.
Com base na evidência existente na América Latina, repetir um ano não é uma prática efetiva para ajudar os alunos a alcançar os resultados de aprendizagem desejados.
Quão segura é a evidência?
Em geral foram encontrados efeitos bastante negativos nos últimos cinqüenta anos nos estudos da Europa e da América do Norte, onde se realizou a maior parte da investigação.
Quais são os custos?
Os custos da repetência escolar, são estimados considerando que se terá um estudante na escola durante mais um ano. Isso significa que os custos geralmente são muito elevados.
O que devo considerar?
Antes da implementação desta estratégia em seu ambiente de aprendizagem, considere o seguinte:
Nas intervenções educativas os efeitos negativos são escassos, por tanto a magnitude do retrocesso dos estudantes com repetência de um ano é significativa.
Os efeitos negativos são desproporcionalmente maiores nos estudantes desfavorecidos, nos das minorias étnicas e nos estudantes nascidos no verão.
Já considerou intervenções alternativas como aulas intensivas ou de apoio individual? São consideravelmente mais baratas e podem tornar a repetência não necessária.
Os efeitos negativos têm a tendência de aumentar com o percorrer do tempo e a repetência de mais de um ano aumenta significativamente o risco de que os estudantes abandonem a escola.
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(*)Síntesis elaborada por SUMMA a partir de la revisión sistemática de investigaciones académicas realizadas en la región.